quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

Olhos pintados


Minha alma mantenho guardada
E dormindo.
Nem todos que chegam podem vê-la;
Nem todos que se encostam podem ouvi-la;
E são necessários grandes terremotos para despertá-la.

Está sempre de uma cor diferente,
às vezes duas ou mais
se misturam ao negro que é perene.

Eu sou discreta, não faço barulho,
mas tenho os passos firmes de quem não pisa
Em qualquer lugar.

E tenho dores que escorrem dos meus cabelos
Dores vermelhas, azuis e roxas
Que são cores que eu gosto.
Eu as rasgo toda vez que abro os olhos.

Os olhos que abro sem querer
Por pura inércia.
Por falta de opção ou de coragem
Os olhos que eu pinto
Pra esconder a alma
enquanto ela dorme.