terça-feira, 29 de março de 2011

Passos pra trás

Grito de uma forma
                tão silenciosa
que ninguém vê
que ninguém sente
E por achar que não estava só
foi que eu corri na frente
e esperei a mão que não veio
Agora volto sozinha
Dei dez passos pra trás
Só me resta dormir
             de braços fechados.

segunda-feira, 28 de março de 2011

Desesperança de março


E é por achar estranho
que eu continuo vivendo,
Talvez mais por curiosidade,
insisto em abrir os olhos.
Ou quem sabe alguma
esperança
de que
alguma vez
em algum tempo
possa haver qualquer coisa
a mais nessa vida.

segunda-feira, 21 de março de 2011

Um poema de amor e saudade pros olhos que não são vistos


As horas que passam sem teus olhos
                                  são as horas vazias da vida
é o tempo que não se descasca
                        ante o langor e a agonia

As horas que passam sem teus olhos
       não são horas nas terras dos homens
não são risos
não são ventos
não são flores que se colhem no asfalto

São horas que não existem   - deshoras
Como um beijo quente na ponta
                                  do manto da morte
       pairando em algum lugar da imaginação
                            que desemboca
nas tardes desesperadas
      da vida pequena

e a salvação vem das páginas dos livros
                                          das rotas que se alteram
do vento absurdo batendo portas e janelas
                       numa terra sem movimento
anulando as desesperanças
e vestindo roupas lilás


sexta-feira, 18 de março de 2011

Transparente


fiquei com a saliva ácida
    de engolir mentiras
e destilar venenos
   cada dia
um mais poderoso
     cada amanhecer
uma nova amargura

aprendi a não mais esperar
   a não querer
e a deixar meus pés
    pisarem
em lugares hostis

a minha boca corrói,
mas os meus pés ficaram
   macios
e os meus olhos enxergam
o que não quero ver

nada de paz. Eu pedi a guerra
eu escolhi a solidão de pensar
numa terra de homens
   de joelhos
eu escolhi comprar minha alma
das mãos do diabo

comprei para mim apenas
e jamais deixarei que me conheçam
jamais pés estranhos pisarão no solo
 no qual habito.